O Cristianismo e a Igreja Católica salvaram a Civilização Ocidental
Infelizmente
muitos estudantes secundários, universitários e até mesmo muitos
católicos, têm uma visão totalmente deformada a respeito da Igreja
Católica, sua vida e sua História. Isto acontece por causa da imagem
preconceituosa que muitos professores, de várias disciplinas,
especialmente História, lhes passam ou passaram. Também a mídia, cujos
elementos foram formados nas mesmas universidades, é a causa de uma
visão injusta, errada e negativa da Igreja.
É hora de os jovens
estudantes, especialmente os católicos, conhecerem o outro lado dessa
“História”. Hoje é lhes mostrado apenas as “sombras” da vida da Igreja,
mas há uma má vontade imensa que encobre as luzes brilhantes de sua
História de 2000 anos.
O livro “Código da Vinci”, e o filme
de mesmo nome, aumentaram em todo o mundo, ainda mais, esta visão de
que a Igreja Católica é uma Instituição corrupta, perversa, que inventou
a divindade de Cristo, e que sobre este mito criou uma Instituição
poderosa e dominadora, e que a custa de sangue sempre se impôs ao mundo.
Nada mais errado, perverso e anti-histórico.
Gostaria
de apresentar um pequeno resumo da grande contribuição que a Igreja
Católica deu ao mundo ocidental desde a queda do Império Romano nas mãos
dos bárbaros (476). Não fosse este trabalho da Igreja não teríamos a
nossa civilização.
Foi a Igreja que moldou esta civilização da
qual nos orgulhamos, onde se preza a liberdade, os direitos humanos, o
respeito pela mulher e por cada pessoa. Sem o trabalho lento e paciente
da Igreja o Ocidente não seria o mesmo.
Nossa civilização moderna
foi berçada pelo Cristianismo que nos deu o milagre das ciências
modernas, a saudável economia de livre mercado, a segurança das leis, a
caridade como uma virtude, o esplendor da Arte e da Música, uma
filosofia assentada na razão, a agricultura e a ciência, e muitos outros
dons que nos fazem reconhecer em nossa civilização a mais bela e
poderosa civilização da História.
E a responsável por tudo isto é a
Igreja Católica, diz o historiador americano Dr. Thomas Woods, PhD de
Harvard nos EUA, em seu livro: “How the Catholic Church Built Western
Civilization” (
Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental; Regury Publishing Inc., Washington, DC, 2005). Ele afirma que:
“Bem mais do que o povo hoje tem consciência, a Igreja Católica
moldou o tipo de civilização em que vivemos e o tipo de pessoas que
somos. Embora os livros textos típicos das faculdades não digam isto, a
Igreja Católica foi a indispensável construtora da Civilização
Ocidental. A Igreja Católica não só eliminou os costumes repugnantes do
mundo antigo, como o infanticídio e os combates de gladiadores, mas,
depois da queda de Roma, ela restaurou e construiu a civilização”.
Dr. Thomas traz neste seu livro uma quantidade enorme de
referências de historiadores que confirmam o trabalho da Igreja na
construção da civilização ocidental.
Falando do papel da Igreja
nos tempos bárbaros, Chateaubriand (1960) escreveu que “os mosteiros,
como espécies de fortalezas em que a civilização se abrigou sob a
insígnia de algum santo… A cultura da alta inteligência conservou-se ali
com a verdade filosófica que renasceu da verdade religiosa. Sem a
inviolabilidade e o tempo disponível do claustro, os livros e as línguas
da Antigüidade não nos teriam sido transmitidos e o elo que ligava o
passado ao presente ter-se-ia rompido”.
Todos os historiadores
reconhecem com unanimidade este papel da Igreja como defensora da
cultura. Nos tempos bárbaros a cultura pertenceu à Igreja e somente os
seus filhos se preocupavam com ela. À glória de Deus estava subordinada
toda atividade da inteligência; a cultura estava submetida à religião.
Imperava o latim e os estudos dos Padres e das Sagradas Escrituras.
A Igreja e os bárbaros
Quando
o bárbaro Átila, rei dos hunos, ameaçou invadir e destruir Roma, foi o
Papa S. Leão Magno (†460) quem os enfrentou em Mântua; ele foi se
encontrar com o terrível Átila, “o flagelo de Deus”, e o fez retornar. O
mesmo se deu com o bárbaro Genserico.
Afirma Daniel Rops,
historiador que ganhou um Prêmio da Academia Francesa de Letra, que: “Se
a Igreja Católica Romana não tivesse tido uma admirável organização
temporal como poderiam ter subsistido os melhores princípios do
Evangelho?” [“A Igreja dos Tempos Bárbaros”, Ed. Quadrante, vol. II,
1991, SP, pág. 85, v. II].
Firme em torno do “Bispo de Roma”, o
Papa, a Igreja católica era o único ponto estável num mundo em que tudo
estremecia. O poeta Lactâncio, neste tempo, escreveu: “Somente a Igreja
conserva e sustenta tudo” (idem).
Os homens da Igreja souberam dar
sentido aos acontecimentos trágicos da queda de Roma: S. Bento de
Núrcia, S. Agostinho de Hipona, S. Leão Magno e tantos outros, foram os
gigantes da Igreja que, do caos da barbárie, começaram a modelar uma
nova Civilização, por amor a Deus e pela missão que Cristo lhes deu.
Disse
Daniel Rops que: “O maior serviço que o Cristianismo prestou ao século
V, foi o de dar um sentido a seu drama, impedindo-os de permanecer
inertes, sós e angustiados, à beira de um abismo para além do qual já
não enxergavam” (Idem, 86).
Roma, a “Cidade Eterna” estava
dominada. São Jerônimo, cidadão romano, que já estava em Belém, na
Judéia, traduzindo a Bíblia do grego e hebraico para o latim, a pedido
do Papa Damaso, exclama chorando:
“O navio está afundando!” “A minha voz
extingue-se; os soluços embargam-me as palavras. Foi tomada a Cidade
que tinha tomado o mundo! Pereceu pela fome e pela espada; está em
chamas a ilustre cabeça do Império”. Para todos, era inimaginável a
queda de Roma.
Santo Agostinho disse: “Talvez não seja ainda o fim
da Cidade, mas em breve a Cidade terá um fim”. A sua obra “Cidade de
Deus” foi a resposta de Santo Agostinho ao caos instalado pelos
bárbaros. “Nas piores circunstâncias é preciso cumprir o nosso dever de
homens”. Com a fé da Igreja, Agostinho sustentava os fiéis. A idéia de
que todos os acontecimentos, por piores que sejam, obedecem ao desígnio
de Deus, foi a grande força do cristianismo para fortalecer os corações.
Os cristãos sempre souberam que “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (1Ts 5,17) e por isso, não se desesperam.
A
Igreja sempre teve nos seus bispos e monges uma elite consciente de
suas responsabilidades sociais e históricas e muito bem preparados para
as assumir; eram homens de primeira linha. Eles souberam enfrentar a
longa e árdua missão de civilizar os bárbaros pela amabilidade e
acolhimento. Para isso, tiveram inevitavelmente que exercer um papel
político além do religioso, porque o bispo passou a ser o representante
do povo na noite escura da barbárie.
Ele passou a ser o “defensor
da Cidade” até o heroísmo e o sacrifício. Santo Agostinho sustenta a
coragem em Hipona, São Nicácio deixa-se matar em sua catedral de Reims
(França); S. Exupério de Toulouse resiste aos bárbaros e é decapitado,
S. Aide organiza a defesa de Orleans, S. Lobo lidera a resistência em
Troyes…
Não podemos calcular o papel decisivo desses gigantes da
Igreja na salvaguarda diante da tempestade dos bárbaros; o destino de
nossa civilização teria sido totalmente diferente se esses homens não
tivessem feito o que fizeram, afirma D. Rops [pg. 90]. S. Pedro
Crisólogo (†450), S. Máximo de Turim (580-662), S. Leão Magno (400 –
461), S. Paulino de Nola (†431), S. Sinésio de Cirene, S. Germano de
Auxerre de Paris, foram infatigáveis defensores da civilização ameaçada.
Além
dos bispos outra instituição da Igreja que foi fundamental na defesa da
civilização foram os mosteiros. Eles nasceram no Oriente com Santo
Antão e os Padres do Deserto, no século III, sob a forma eremítica,
depois cenobítica (cenóbios) graças a S. Pacônio, e finalmente foi
organizado na Ásia Menor por S. Basílio Magno (330 – 369) – bispo de
Cesaréia na Palestina. Por volta do ano 400 os mosteiros estão presentes
em toda a cristandade. São homens e mulheres que se consagram a Deus
radicalmente e que vivem sob uma Regra fixa, uma vida de penitência e
oração.
O papel dos mosteiros foi primeiro espiritual; a fé os
sustentava e com ela os monges sustentaram o mundo da época que
desabava. Os mosteiros foram sementeiros de grandes bispos para toda a
Igreja. Os monges atraíram para os mosteiros jovens bárbaros e os
civilizavam. Ao mesmo tempo os mosteiros preservaram a cultura ameaçada.
Os mosteiros de Lerins e Marselha foram centros de estudos. Em todos
eles foram criadas escolas externas – os “alunados” – ficaram famosos.
A
Igreja, que sabe que “o Reino de Deus não é desse mundo”, sabe
trabalhar as realidades políticas do momento, com fé e tranqüilidade,
por pior que sejam. Ela soube assim aproveitar a força bruta dos
bárbaros e a transformar aos poucos. Só os bispos se impunham aos
bárbaros, e o seu desejo era ganhá-los para Cristo.
São Leão Magno
(†460) deu à Sé Apostólica uma autoridade e respeito que nunca mais ela
haveria de perder. A Igreja era a única força de resistência aos
bárbaros.
S. Leão deixava com freqüência o palácio do Latrão, em
Roma, cedido por Constantino, para se ocupar das misérias públicas,
erguer as ruínas, dirigir as pesquisas nas catacumbas e distribuir pão
aos famintos.
Quando, em 4 de setembro de 476, o Império romano do
Ocidente caiu definitivamente sob o rei hérulo Odoacro, já não havia
mais Europa e Ocidente, restou apenas um mosaico de estados bárbaros
divididos. A queda de Roma desencadeou lutas ferozes entre esses povos
pelo domínio do espólio imperial: visigodos, vândalos, francos, hérulos,
anglos e saxões, entre outros, queriam sua parte e a única instituição
unificada e com algum nível de organização era a Igreja Católica. E os
reis bárbaros sabiam disso.
O único princípio de unidade que
restou foi a Igreja Católica que continuou a resistir os bárbaros; os
papas, os bispos e os monges começavam a gigantesca tarefa de
reconstruir o Ocidente, o que levou cerca de seis séculos. Brilhou então
a figura dos Papas.
Santo Hilário (461-468), papa, trata de
reerguer tudo quanto os vândalos de Genserico tinham destruído. São
Simplício (468-483) fez-se respeitar por Odoacro. S. Félix III (483-492)
exigiu de Odoacro e do Imperador bizantino Zenão “o direito de a Igreja
se reger por suas próprias leis”. S. Gelásio I (492-496) se impôs pela
inteligência, energia, obras sociais e defesa dos pobres. Foi ele quem
escreveu ao Imperador do Oriente: “Ficai sabendo que quando a Sé do
bem-aventurado Pedro se pronuncia, a ninguém é permitido julgar o seu
julgamento”. Foi o mesmo que S. Agostinho já tinha dito antes: “Roma
locuta, causa finita”.
Santo Anastácio (496-498) alicerçou a
unidade cristã ameaçada, e começou a grande e longa jornada de
conquistar espiritualmente os bárbaros para Cristo. Com esta garra, já
no ano 500, Clovis e Clotilde, reis dos francos, se tornavam católicos e
foram batizados. Três séculos depois, outro rei descendente dos
bárbaros, no ano 800, o franco Carlos Magno é também batizado e coroado
imperador pelo Papa.
Duzentos anos depois, com esta mesma certeza o
imperador Otão do “Sacro Império Romano-Germânico” continua a obra dos
imperadores cristãos: Constantino, Teodósio e Justiniano. Assim esses
homens, na fé de Cristo e da Igreja mantiveram o Império, para eles
fundamental para o mundo; e agora a tarefa era integrar nele os
bárbaros. E somente a Igreja, o tronco dessa árvore poderia cumprir essa
missão.
Os monges salvaram a cultura antiga
Os
monges tiveram um papel básico no desenvolvimento da civilização
ocidental. O monarquismo começou no século III. O principio fundamental,
que sempre norteou a vida deles foi a o ordem de Jesus: “Buscai em
primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais vos será
dado por acréscimo” (Mt 6,33).
Por essa palavra, não só os homens
mas também as mulheres consagravam-se como virgens para viver na oração e
no sacrifício. As freiras vêm dessa tradição.
O monarquismo
ocidental surgiu com S. Bento de Núrcia, na Itália; começou com doze
pequenas comunidades de monges em Subíaco, a 38 milhas de Roma, e a 50
milhas de Monte Cassino, que se transformou no grande mosteiro
beneditino. No não de 529, S. Bento compôs a Regra da Comunidade usada
em toda a Europa oeste; teve uma aceitação muito boa porque era mais
equilibrada nas penitências.
Cada Casa beneditina era independente da outra e tinha um Prior. O superior de todas as casas é o Abade.
Durante
o longo período de grande confusão por causas das invasões bárbaras,
que praticamente duraram seis séculos (V a X), as Casa beneditinas foram
oásis de paz e ordem, especialmente Monte Cassino.
Mesmo tendo sido
saqueada pelos bárbaros Lombardos. em 589, destruído pelos Sarracenos em
884, destruído por um terremoto em 1349, destruído pelas tropas
francesas em 1799 e pelas bombas da II Guerra Mundial em 1944, Monte
Cassino recusou desaparecer e seus monges sempre o reconstruíram.
Até
o século XIV a Ordem de S. Bento já tinha dado a Igreja 24 papas, 200
cardeais, 7000 arcebispos, 15.000 bispos e 1500 santos canonizados,
37.000 mosteiros. Tinha inscrito na Ordem 20 imperadores, 10
imperatrizes, 47 reis e 50 rainhas. Vários grupos de origem dos bárbaros
foram atraídos pela vida monástica dos beneditinos.
O Prof. Léo
Moulin, agnóstico ou ateu belga, reconhece a benéfica influência do
Cristianismo e, em especial, da Regra de São Bento na evolução da
cultura e da civilização. Mostra como a Regra de São Bento, legislando
para os monges, fez transbordar sobre toda a sociedade medieval e
posterior certos princípios de disciplina, diligência e ordem no
trabalho, que propiciaram a criação de grandes empresas industriais e
culturais. revista “JESUS”, dezembro de 1990, pp. 103-107, com o título
“Luminosissimo Medioevo!”
Henry Goodell, presidente da Faculdade
de Agricultura de Massachussets, no começo do séc. 20, falou do
“trabalho desses grandes monges durante um período de 1500 anos. Eles
salvaram a agricultura quando ninguém mais poderia fazê-lo. Eles
praticavam-na sob uma vida nova e novas condições quando ninguém mais
podia cuidar”.
“Nós devemos a restauração da agricultura de uma
grande parte da Europa aos monges”. “Sempre que eles chegavam,
convertiam o deserto em um campo cultivado, eles desenvolviam a pecuária
e a agricultura, trabalhando com as próprias mãos drenando pântanos…
Por eles a Alemanha se transformou um frutuoso país”. [T.Woods, 2005]
Os historiadores mostram que cada mosteiro Beneditino tinha um
centro de ensino de agricultura para toda a região onde estava
localizado.
Mesmo o historiador francês François Guizot, do séc.
XIX, que não era simpático à Igreja Católica observa: “Os monges
beneditinos foram os agriculturistas da Europa; eles desenvolveram-na em
larga escala, associando a agricultura com a oração”.
O trabalho
pesado da agricultura era para os monges uma maneira de santificação e
penitência e por isso não fugiam deles. Eles enfrentaram as pestes em
pântanos sem valor, como desafio, e os transformavam em terra de valor.
O grande historiador dos monges, do séc. XIX, Montalembert disse:
“É impossível esquecer o uso que eles fizeram de tantos distritos
incultivados e inabitados, cobertos de florestas ou cercados de
pântanos… Embora eles abrissem clareiras nas florestas para habitação
humana e uso, eles tinham o cuidado de plantar árvores e cultivar
florestas quando possível”.
Onde os monges chegavam introduziam as plantações,
indústrias, e métodos novos de produção não familiares; criação de gado e
cavalos, produção de cerveja, cultivo de abelhas e frutas. Na Suécia
introduziram a cultura do milho; em Parma, a fabricação de queijo; na
Irlanda, criação de salmon, e , em muitos lugares cultivo de uvas. Os
monges coletavam a água das fontes para distribuí-las no tempo de seca.
Na Lombardia os camponeses aprenderam com os monges a irrigação do solo,
o que fez essa área conhecida em toda a Europa por sua fertilidade. Os
monges foram os primeiros a trabalhar pela melhoria na criação do gado.
Os
monges foram pioneiros na produção de vinho, que usavam para a
celebração da Missa e consumo, que a Regra de S. Bento permitia. A
descoberta da champanhe foi feita por Dom Perignon da Abadia de S.
Pedro, Hautvilliers-on-the Marne. Ele cuidava da adega da Abadia em 1688
e desenvolveu a Champanhe através da experimentação com mistura de
vinhos. O mesmo processo é usado ainda hoje.
Afirma o Dr. Woods
que: “É difícil encontrar algum grupo em algum lugar do mundo cuja
contribuição foi tão variada, tão significativa, e tão indispensável
como aquelas dos monges da Igreja Católica no Ocidente durante um tempo
de perturbações e desespero generalizado” (pg. 32).
Os monges
foram também importantes arquitetos da tecnologia medieval. Os de Cister
(cistercienses), uma ordem de S. Bento, reformada, estabelecida em
Citeaux em 1908, eram bem conhecidos por suas tecnologias sofisticadas.
Graças a grande rede de comunicação que existia entre os mosteiros a
informação tecnológica se espalhava rapidamente. Encontramos sistemas de
propulsão de água semelhantes em mosteiros que estavam a grandes
distâncias um do outro, mesmo a milhares de milhas.
Citando o
pesquisador Randal Collings, T. Woods afirma que: “Esses mosteiros foram
as unidades mais econômicas que já existiram na Europa e talvez no
mundo, até aquele tempo”.
O mosteiro cisterciense de Claraval na
França deixou-nos um registro do séc. XII sobre o uso da energia da água
que revela como este equipamento tinha se tornado fundamental na vida
européia. Os mosteiros cistercienses geralmente tinham as suas próprias
fábricas. Eles usavam a força da água para moer o trigo, peneirar
farinha, tecer roupas e fazer cozimento; 742 era o número de mosteiros
cistercienses na Europa nesse século, e o mesmo nível de tecnologia
podia ser observado em todos eles.
O mundo clássico antigo não
usou a mecanização para uso industrial em uma escala considerável, mas o
mundo medieval o fez em grande escala, especialmente por causa do uso
da força da água nos mosteiros cistercienses.
Os monges foram os
sábios e conselheiros da Europa após a invasão dos bárbaros. Os
cistercienses eram também conhecidos por sua habilidade em metalurgia.
Em sua rápida expansão pela Europa foram importantes na difusão de novas
técnicas por causa do alto nível de sua tecnologia da agricultura, que
era combinada com a tecnologia industrial. Cada mosteiro tinha uma
fábrica, tão grande como a igreja e somente a poucos pés de distância e a
força da água tocava as máquinas das várias indústrias localizadas
neste local.
Os monges trabalhavam o minério de ferro e usavam as
cinzas dos fornos como fertilizantes por causa de sua concentração de
potássio. Os monges trabalhavam na mineração do sal, chumbo, ferro,
alumínio, uso do mármore, vidro, fizeram pratos de metal e não havia
atividades que eles não tivessem criatividade e espírito de pesquisa, e o
seu “know-how” se espalhou por toda a Europa.
No começo do séc.
XI, um monge chamado Eilmer voou mais de 600 pés com um planador. Alguns
séculos depois, o Irmão Francesco Lana-Terzi, um padre jesuíta tentou
voar sistematicamente, ganhou um prêmio de honra sendo chamado de o “pai
da avião”. Seu livro de 1670, “Prodromo alla Arte Maestra” foi o
primeiro a descrever a física e a geometria de um artefato voador.
Os
monges também foram especialistas em fabricação de relógios. O primeiro
relógio que se tem recordação foi construído pelo futuro Papa Silvestre
II para a cidade alemã de Magdeburg por volta do ano 996. E relógios
mais sofisticados foram construídos mais tarde. Peter Lightfoot, um
monge do séc. XIV, de Glastonbury construiu um dos mais antigos que
ainda existe e que está agora em excelente condição no Museu de Ciência
de Londres.
Richard de Wallingford, um monge prior do séc.XIV, do
mosteiro beneditino de S. Albano, foi um dos iniciadores da
trigonometria ocidental, e é bem conhecido pelo grande relógio
astronômico que projetou para o mosteiro. Disseram que um relógio de
sofisticada tecnologia não apareceu nos dois séculos seguintes. Este
maravilhoso relógio para o seu tempo foi confiscado do mosteiro por
Henrique VIII no séc. XVI. O relógio podia prever com precisão os
eclipses lunares. [T. Woods, pg. 36]
Os arqueólogos estão descobrindo a extensão dos peritos monges e
suas habilidades tecnológicas. Em 1990 o arqueólogo metalúrgico Gerry Mc
Donnell, da Universidade de Bradford, encontrou evidências perto do
mosteiro de Rievaulx, em North Yorkshire, Inglaterra, de um grau de
sofisticação tecnológica que deu início às grandes máquinas a Revolução
Industrial do séc. XVIII. O Rei Henrique VIII mandou fechar este
mosteiro de Rievaulx em 1530 como parte do confisco das propriedades da
Igreja.
Explorando os escombros de Rievaulx e Laskill, a quatro
milhas do mosteiro, Mc Donnell descobriu que os monges tinham construído
um forno para extração de ferro do minério (idem, p. 37).
Os
monges desenvolveram fornos mais eficientes que atingiram temperaturas
mais altas, capaz de tirar mais ferro do minério. Desenvolveram fornos
para grande produção o que foi importante para a era industrial.
Um
fator importante para o desenvolvimento da ciência, é que os
cistercienses tinham uma reunião regular dos Priores a cada ano onde
compartilhavam os avanços tecnológicos na Europa. A dissolução dos
mosteiros pos fim a essa rede de transferência de tecnologia. Quando o
rei inglês Henrique VIII dissolveu os mosteiros ingleses, a partir de
1534, este desenvolvimento foi impedido: o que obrigou o desenvolvimento
a esperar ainda por 2 a 3 séculos.
É impressionante o número de
padres cientistas na Idade Média. Isto era fruto do desejo de conhecer o
universo criado por Deus, e mostra que nunca houve para a Igreja,
antagonismo entre ciência e religião, entre razão e fé, uma vez que
ambas procedem do mesmo Deus.
Vários homens do séc. XIII mereciam
um destaque. Roger Bacon, era um franciscano que ensinou na universidade
de Oxford, e que foi admirável em seus trabalhos de matemática e ótica,
e foi considerado um precursor do método científico moderno. Escreveu
sobre a filosofia da ciência e enfatizou a importância da experiência.
Isto ficou claro na sua obra “Opus Maius”, e “Opus Tertium”. Bacon
afirma que: “Sem experimentos nada pode ser adequadamente conhecido. Um
argumento prova teoricamente, mas não dá a certeza necessária para
remover a dúvida”.
Alguns mosteiros eram conhecidos por sua
perícia em ramos particulares do conhecimento. Por exemplo, conferências
sobre medicina eram dadas pelos monges de S. Benigno em Dijon, o
mosteiro de S. Gall tinha uma escola de pintura e gravuras, e palestras
em grego, hebraico e árabes eram dadas em mosteiros alemães. (Newman,
1948).
Um gigante da Igreja que muito contribuiu com a ciência foi
Santo Alberto Magno (1200-1280); foi educado em Pádua e se tornou
dominicano. Ensinou em várias escolas na Alemanha antes de começar seu
trabalho na Universidade de Paris em 1241, onde teve um grande número de
alunos ilustres como S. Tomás de Aquino. S. Alberto foi provincial dos
dominicanos na Alemanha e bispo de Regensburg dois anos.
O
“Dicionary of Scientific Biography” diz que era um dos mais famosos
precursores da ciência moderna na Alta Idade Média”. Foi canonizado pelo
papa Pio XII em 1931 e declarado patrono de quem estuda as ciências
naturais em 1941.
Santo Alberto foi renomado naturalista, estudou a
física, metafísica, biologia, psicologia, e várias ciências da terra.
Escreveu a obra “De Mineralibus”. Assim como o monge Roger Bacon, ele
afirmava a importância da observação para a aquisição de conhecimentos.
Um
dos homens considerados mais cultos da Idade Média foi Robert
Grosseteste, que foi chanceler de Oxford e bispo de Londres; foi
influenciado por Thierry de Chartres; e foi o primeiro a escrever um
método completo para realizar um experimento científico. O séc. XIII
gerou os rudimentos do método científico, especialmente graças a figuras
como Grosseteste.
Muitos nomes católicos em ciência ficaram na
obscuridade. Nicolaus Steno (1638-1686), um luterano convertido ao
catolicismo que foi padre, estabeleceu os princípios básicos da geologia
moderna e é muitas vezes chamado de “o pai da estratigrafia”, estudo
das camadas da terra. Ele nasceu na Dinamarca e viajou por toda a Europa
e foi da corte do duque de Toscana. Além de sua reputação em medicina,
deixou grande contribuição sobre os fósseis e os extratos da terra.
Escreveu a obra “Discurso Preliminar para uma Dissertação sobre um corpo
sólido naturalmente contido dentro de um sólido”.
Ele estava
certo de que as rochas, os fósseis e as camadas geológicas contavam a
história da terra, e que o estudo geológico podia iluminar a história.
Isto não era tarefa fácil porque não existia a ciência da geologia, nem
princípios básicos e nem metodologia de seu estudo.
Steno foi o
primeiro a afirmar que “a história do mundo podia ser recuperada das
rochas”. O primeiro livro de estratigrafia é o “Princípios de Steno”. Em
1988 ele foi beatificado por João Paulo II, enaltecendo a sua santidade
e ciência.
As Universidades Católicas
O
ensino superior na Idade Média era ministrado por iniciativa da Igreja.
Como já vimos, ela fundou as universidades. A Universidade medieval não
tem precedentes históricos tanto por sua estrutura institucional quanto
por seu papel social e intelectual .
No mundo grego já haviam
escolas públicas, mas todas isoladas. Em Roma, somente o imperador
Adriano (séc II) pensou em estabelecer um Ateneu que se parecia muito a
uma Universidade. Esse projeto, entretanto, somente se realizou e, assim
mesmo, efemeramente, no tempo de Cassiodoro e do Papa Agapito I no
século VI.
No período greco-romano cada filósofo e cada mestre de
ciências tinham sua escola – o que implicava justamente no contrário de
uma Universidade. Esta na Idade Média reunia mestres e discípulos de
várias nações, os quais constituíam poderosos focos de erudição.
Por
volta de 1100, no meio de uma grande fermentação intelectual, surge
pelas mãos da Igreja o ensino superior, as Universidades; o orgulho da
Idade Média cristã, irmãs das Catedrais. A sua aparição é um marco na
história da civilização ocidental que nenhum historiador tem coragem de
negar. Elas nasceram às sombras das Catedrais. Logo receberam o apoio
das autoridades da Igreja e dos Papas. Assim “a Igreja passou a ser a
matriz de onde saiu a Universidade” (Daniel Rops, “A Igreja das Cruzadas
e das Catedrais, pág. 345).
Até 1440 foram erigidas na Europa,
pela Igreja Católica, 55 Universidades e 12 Institutos de ensino
superior, onde se ministravam cursos de Direito, Medicina, línguas,
artes, ciências, Filosofia e Teologia. Todos fundados pela Igreja. Em
1200 Bolonha tinha dez mil estudantes (italianos, lombardos, francos,
normandos, provençais, espanhóis, catalães, ingleses germanos, etc.). O
Papa Clemente V no concílio de Viena em 1311, mandou que se instaurassem
nas escolas superiores cursos de línguas orientais (hebreu, caldeu,
árabe, armênio, etc.), o que em breve foi executado em paris, Bolonha,
Oxford, Salamanca e Roma.
A atual Universidade de Roma, La
Sapienza, foi fundada há sete séculos, em 1303, pelo Papa Bonifácio
VIII, com o nome de “Studium Urbis”. Das 75 Universidades criadas de
1100 a 1500, 47 receberam a Bula papal de fundação, enquanto muitas
outras, que surgiram espontaneamente ou por decisão do poder secular,
receberam em seguida a confirmação pontifícia, com a concessão da
Faculdade de Teologia ou de Direito Canônico.
As Ordens
mendicantes, dominicanos e franciscanos penetram nas Universidades e
depois terão grandes mestres como o franciscano S. Boaventura e o
dominicano S. Tomás de Aquino.
Para Inocêncio IV a Universidade
era o “Rio da ciência que rege e fecunda o solo da Igreja universal”, e
Alexandre IV a chamava de: “Luzeiro que resplandece na Casa de Deus”.
(DR, pg.348). A universidade de Paris era chamada de “Nova Atenas” ou o
“Concílio perpétuo das Gálias”, por ser especialmente voltada à
teologia. As universidades atraíam multidões de estudantes, da Alemanha,
Itália, Síria, Armênia e Egito. Vinham para a de Paris chegavam a 4000,
cerca de 10% da população.
Só na França havia uma dezena de
universidades: Montepellier (1125), Orleans (1200), Toulouse (1217),
Anger (1220), Gray, Pont-à-Mousson, Lyon, Parmiers, Norbonne e Cabors.
Na Itália: Salerno (1220), Bolonha (1111), Pádua, Nápoles e Palerno. Na
Inglaterra: Oxford (1214), nascida das Abadias de Santa Frideswide e de
Oxevey, Cambridge. Além de Praga na Boêmia, Cracóvia (1362), Viena
(1366), Heidelberg (1386). Na Espanha: Salamanca e Portugal, Coimbra.
Todas fundadas pela Igreja. Como dizer que a Idade Média cristã foi uma
longa noite escura da história?
A História prova que nada é mais
absurdo do que certas afirmações que vemos hoje de que o pensamento na
Idade Média cristã era estagnado, ou que a Igreja era obscurantista, ou
que o pensamento era aprisionado pelo medo da Inquisição. Na verdade era
o contrário. As universidades foram centros de intensa vida
intelectual, onde os grandes homens se enfrentavam em discussões
apaixonadas dos grandes problemas. E a fé era o fermento que fazia a
cultura crescer.
Nenhuma outra Instituição contribuiu tanto para
moldar a nossa civilização ocidental. Mas infelizmente tudo isto é
ocultado pelos que não gostam da Igreja; por isso, é essencial recuperar
esta verdade intencionalmente escondida.
Há hoje no mundo todo um
anti-Catolicismo espalhado pela mídia e pelas universidades; essas
mesmas universidades fundadas pela Igreja. É dito aos jovens que a
História da Igreja é uma história de ignorância, repressão, atraso e
estagnação, quando a realidade é exatamente o contrário, como têm
mostrado muitos historiadores atuais.
Na verdade a Igreja soube
aproveitar o que há de bom na civilização grega e romana, não os
desprezou, e soube com os valores cristãos moldar a nossa civilização.
É
preciso saber distinguir entre a “Pessoa” da Igreja, fundada por
Cristo, divina, e as “pessoas” da Igreja que são seus filhos santos e
pecadores. Muito se exagera, por exemplo, sobre a Inquisição; e se quer
analisar a mesma fora do contexto da época.
A maioria das pessoas
reconhece a influência da Igreja na música, na arte e na arquitetura,
mas a influência da Igreja foi muito maior. Muitos, mal informados,
pensam que centenas de anos antes da época do Renascimento foi um tempo
de ignorância e repressão intelectual, sem brilho, como se fosse um
tempo negro onde se imperou a superstição e a magia, como se em nome de
Jesus Cristo, a ciência e o progresso fossem banidos. Nada mais errado. A
Idade média cristã foi um tempo de grande desenvolvimento religioso,
cultural e artístico.
Ainda hoje há livros que apresentam uma
visão totalmente errada da civilização ocidental. A Civilização
ocidental na verdade tem uma enorme dívida com a Igreja pelo sistema
universitário, pelo trabalho de caridade realizado pela Igreja, pelo
advento da lei internacional, as ciências, as artes, a música e muito
mais.
O Testemunho dos Historiadores
O
Dr. Thomas Woods mostra em seu livro já citado que nos últimos 15 anos,
os historiadores da ciência – A.C. Crombie, David Lindberg, Edward
Grant, Stanley Jaki, Thomas Goldstein, J. L. Heibron e outros –
concluíram que a Revolução Científica tem um grande débito com a Igreja.
A contribuição da Igreja com a ciência foi muito além do conhecido,
muitos cientistas eram padres.
Para citar alguns exemplos da
participação fundamental da Igreja católica no desenvolvimento do mundo
ocidental, citamos o Padre Nicholas Steno, sempre identificado como o
“pai da geologia”. O “pai da egiptologia” foi o padre Athanasius
Keicher. A primeira pessoa a medir a taxa de aceleração de um corpo em
queda livre foi o Pe. Giambattista Riccioli. O Pe. Rober Boscovitch é
considerado o pai da moderna teoria atômica. Os jesuítas se dedicavam ao
estudo dos terremotos tal que a sismologia veio a ser conhecida como a
“ciência Jesuítica”. Trinta e cinco crateras da lua foram nomeadas por
cientistas e matemáticos jesuítas.
J. L. Heilbron, da Universidade
da Califórnia em Berkeley, disse que : “A Igreja Católica Romana deu
mais suporte financeiro e social ao estudo da astronomia por mais de
seis séculos do que qualquer outra instituição”. Woods afirma que “o
verdadeiro papel da Igreja no desenvolvimento da ciência moderna
permanece um dos mais bem guardados segredos da história moderna” [pág.
5].
Todo mundo sabe que foram os monges da Igreja que preservaram a
herança literária do mundo antigo após a queda de Roma no século V, sob
o domínio dos bárbaros.
Reginald Grégoire afirma que os monges
deram “a toda a Europa… uma rede de fábricas, centros de criação de
gado, centros de educação, fervor espiritual, … uma avançada civilização
emergiu da onda caótica dos bárbaros. Sem dúvida alguma S. Bento (o
mais importante arquiteto do monaquismo ocidental) foi o Pai da Europa.
Os Beneditinos e seus filhos, foram os Pais da civilização Européia”.
Por
outro lado o desenvolvimento do conceito de “lei internacional”, é
atribuída aos pensadores dos séc. XVII e XVIII, mas na verdade surgiu no
séc. XVI nas universidades espanholas católicas e foi Francisco de
Vitória, um padre católico e professor que ganhou o título de “pai da
lei internacional”. Analisando os maus tratos dos nativos da América
recém descoberta, o padre Vitória e outros filósofos católicos e
teólogos começaram a discutir os direitos humanos e as relações que
deveria haver entre as nações.
A lei ocidental é uma dádiva da
Igreja; a lei canônica foi o primeiro sistema legal na Europa, o que deu
início ao primeiro corpo coerente de leis.
Segundo Harold Berman
“foi a Igreja que primeiro ensinou o homem ocidental um sistema moderno
de lei. A Igreja primeiro ensinou que conflitos, estatutos, casos, e
doutrina podem ser reconciliadas por análises e sínteses”. (T. Woods)
A
formulação dos direitos, que surgiu da civilização ocidental, não veio
de John Looke e Thomas Jefferson, mas muito antes, das leis canônicas da
Igreja Católica.
Alguns historiadores de economia antiga afirmam
que a moderna economia, surgiu com Adam Smith e outros teóricos da
economia do séc. XVIII, mas estudos recentes estão mostrando a
importância do pensamento econômico dos Escolásticos da Igreja,
particularmente os teólogos católicos espanhóis e séc. XV e XVI. O
grande economista Joseph Schumpeter considera que esses pensadores
católicos foram os fundadores da ciência econômica moderna.
Even
Lecky, um historiador do séc. XIX, crítico contra a Igreja, admitiu que,
tanto no campo espiritual como no compromisso da Igreja com os pobres,
foi feito algo novo no mundo ocidental e que representou um grande
crescimento em relação à Antigüidade.
A Igreja moldou a
civilização ocidental em todos os seus campos: arte, música,
arquitetura, direito, economia, moral, ciência, letras, línguas, etc..
Em todos esses campos ela deixou uma marca indelével no coração da
civilização européia e a melhorou significativamente.
O Trabalho da Caridade
A
Regra de S. Bento obrigava os monges a dar ajuda e hospitalidade à
pessoas. Dizia a Regra que “Todo hóspede que chega ao mosteiro devia ser
recebido como se fosse o próprio Cristo”.
Um antigo historiador
da abadia de Norman escreveu: “Os monges diziam que as portas estão
sempre abertas para todos e seu pão é gratuito para todo mundo”.
(Montalembert). Era o espírito de Cristo dando proteção e conforto para
desconhecidos de todo tipo.
Em Aubrac, por exemplo, onde um
hospital foi criado entre as montanhas de Ronergue no final do séc. VI,
um sino especial soava toda noite para chamar todos os viajantes ou
qualquer outro que precisasse de pousada. O povo chamado de “o sino dos
andarilhos”.
Em muitos lugares os monges tinham mosteiros próximo
do mar onde colocavam sinalização para os marinheiros evitarem perigos
ou para auxiliar os barcos que naufragavam e dar provisões para os
homens. É dito que a cidade de Copenhagen deve sua origem a um mosteiro
ali estabelecido por seu fundador, o bispo Alsalon, o qual forneceu
comida a um barco naufragado.
Na Escócia, em Arboath, os monges
colocaram um sino sobre uma plataforma flutuante em uma rocha; este
balançava e fazia o sino soar para avisar os marinheiros do perigo das
ondas. Até hoje a rocha é conhecida como a “Rocha do Sino”. Esses são
apenas uns poucos exemplos do que os monges faziam pelas pessoas; eles
ainda ajudavam a construir e reparar pontes, estradas e outras coisas.
A Palavra Escrita
Um
trabalho importantíssimo dos monges foi o de serem copistas de
manuscritos sagrados e profanos, o que era uma tarefa difícil: às vezes
sob frio rigoroso e fazendo à noite o que não podiam fazer de dia. No
séc. VI um senador romano, Cassiodoro, entendeu a importância do papel
cultural dos mosteiros e estabeleceu o mosteiro Vivarium no sul da
Itália com uma bela biblioteca – a única do séc. VI disponível dos
estudantes. Alguns manuscritos Cristãos de Vivarium foram para a
biblioteca Lateranense de posse dos papas em Roma.
Na biblioteca
do monge e teólogo poliglota Alcuin que trabalhou como “ministro da
Cultura” do imperador Carlos Magno, encontramos as obras de Aristóteles,
Cícero, Plínio, Statius, Pompeus e Virgílio. Eu suas correspondências
ele cita autores clássicos como Ovídio, Horácio e Terence.
O
grande Gerbert de Aurillac, que mais tarde se tornou o Papa Silvestre
II, mostrou a seus alunos Horácio, Juvenal, Lucan, Persius, Terence,
Statius e Virgílio. John Henry Newman, o grande Cardeal do séc. XIX,
convertido do Anglicanismo disse que S. Hildebert sabia Horácio
praticamente de memória. O fato é que a Igreja valorizou, preservou,
estudou e ensinou os trabalhos dos antigos, os quais poderiam ter sido
perdidos se não fosse isso.
Alguns mosteiros eram conhecidos por
sua perícia em ramos particulares do conhecimento. Por exemplo,
conferências sobre medicina eram dadas pelos monges de S. Benigno em
Dijon, o mosteiro de S. Gall tinha uma escola de pintura e gravuras, e
palestras em grego, hebraico e árabes eram dadas em mosteiros alemães.
(Newman)
Há muitos textos que poderiam ter sido perdidos para
sempre se os monges não os guardassem: “Anais e Histórias de Tácito; a
“Golden Ass of Apuleius”, os “Diálogos” de Sêneca e muitas outras obras.
S.
Maieul de Cluny tinha sempre um livro em suas mãos quando viajava.
Halinard, abade de S. Benigno em Dijon, depois Arcebispo de Lyon era
conhecedor profundo dos filósofos antigos.
“Sem estudo, e seus
livros, a vida de um monge não é nada”, disse um monge de Muri. S. Hugh
de Lincoln, enquanto Prior de Withan, a primeira Casa dos Cartuchos na
Inglaterra, disse: “Nossos livros são nossos deleites e nossa riqueza em
tempo de paz, nossas armas ofensivas e defensivas em tempos de guerra,
nosso alimento quando estamos famintos, e nossa medicina quando estamos
doentes” (Montalembert).
Outro trabalho muito importante dos
monges, além das cópias dos Padres da Igreja e dos Clássicos gregos e
latinos, foi a preservação da Bíblia. Se não fosse a devoção dos monges e
as numerosas cópias que eles produziram a Bíblia não teria sobrevivido à
investida violenta dos bárbaros.
Assim a admiração da civilização
Ocidental pela palavra escrita e pelos clássicos chegou a nós pela
Igreja Católica que preservou através da invasão dos bárbaros.
S.
João Crisóstomo conta-vos que já no seu tempo (347-407) era comum ao
povo de Antioquia enviar seus filhos para serem educados pelos monges.
S. Bento instruiu filhos dos nobres romanos.
S. Bonifácio
estabeleceu uma escola em cada mosteiro fundado na Alemanha; na
Inglaterra S. Agostinho e seus monges criaram escolas por toda parte
onde foram. S. Patrício estimulou as escolas na Irlanda e seus mosteiros
eram grandes centros de ensino.
Para as pessoas que não eram monges a educação era ministrada nas escolas das catedrais.
Os
monges fizeram mais do que preservar a literatura. Eles estudaram as
músicas dos poetas e escritos dos historiadores e filósofos. Cada
mosteiro e escola monástica tornaram-se um centro de vida religiosa e
educacional.
Eles deixaram a fundação das universidades. Eles eram
os pensadores e os filósofos e formaram o pensamento político e
religioso. Entre outras coisas os monges ensinaram metalurgia,
introduziram novas cultura, copiaram textos antigos, preservaram a
literatura, foram pioneiros na tecnologia, inventaram a champanha,
melhoraram a paisagem européia, socorreram os andarilhos e cuidaram dos
náufragos. Quem mais na história da civilização ocidental fez tanto?
As Belas Catedrais – Arquitetura
As
catedrais foram por excelência as obras mais representativas da Idade
Média cristã; esses dez séculos (IV a XV) onde a Igreja moldou a
civilização. Nelas a sociedade humana dessa época exprimiu e revelou
toda a sua criatividade, profunda espiritualidade, capacidade técnica e
talentos.
Elas foram fruto de muita paciência, esperança, fé, e
revelam o ponto alto dessa sociedade cristã. Elas sozinhas mostram toda a
riqueza desse tempo (espiritualidade, arte, arquitetura, moral, vida
cotidiana, trabalhos, literatura, etc).
A Catedral da Idade média é
um marco histórico; com o seu tamanho gigantesco ela domina a cidade e
se impõe sobre tudo o mais. Assim são as de Reims, Bolonha, Córdoba,
Florença, Gênova, Milão, Paris, Monreale, Nápoles, Roma, Sevilha,
Amiens, Beauvais, Chartres, Notre Dame, Rouen, Veneza, Viena, Verona,
S.Paulo, etc, admiradas por milhões de turistas e peregrinos hoje.
Muitas
cidades podem exibir uma grande catedral construída na Idade Média pela
Igreja Católica, símbolo de fé autêntica e amor a Deus. Milhões de
pessoas todos os anos visitam essas gigantestas obras medievais e não se
cansam de admirar a sua beleza e arte. Avançando para o céu elas
revelam as profundas aspirações do homem do seu tempo. Elas surgiram no
ponto alto da Idade Média, juntamente com a Cruzada, a Universidade, as
Peregrinações e as Sumas.
Poucos sabem que Carlos V foi coroado em
S. Petrônio, em Bolonha. E há fatos marcantes na vida dessas obras de
arte e de fé. Os carros que transportavam os materiais para a construção
da famosa catedral de Chartres na França eram puxados por pecadores que
procuravam saldar a sua dívida com Deus. A catedral de Milão é um voto
oferecido por Gian Galeazzo Visconti. A argamassa usada na construção da
catedral de Viena foi temperada com vinho.
Cesare Marchi viajou
pelo mundo para estudar quinze das mais importantes catedrais medievais e
narrou a impressionante história de cada uma delas. (Grandes Pecadores,
Grandes Catedrais, Livraria Martins Fontes Editora Ltda, SP, 1991).
A
Catedral é a “opus Dei”, a obra de Deus, nela tudo é para a Sua Glória,
a beleza, a arte, o requinte; é a expressão maior e total da fé. Atrás
de cada uma delas há um longo passado.
Raul Glaber, um conhecido
cronista do ano mil disse que “o branco manto das igrejas” cobria o
mundo. Para isso o homem medieval precisou aprendeu a talhar bem a
pedra, a pintura com a técnica do afresco, os vitrais que “contavam toda
a espécie de histórias”, a arquitetura, a arte, etc.
A partir de
1050 por toda parte, em todos os países onde a Igreja guiava os homens,
houve uma febre de construção de catedrais. As Catedrais de Cremona, de
Piacenza, de Ferrosa, de Santa Maria do Trastevere em Roma, de
Cambridge, Oxford, Glasgow, Worms, Hildesheim, Salomanea, Coimbra, são
contemporâneas das francesas já citadas, bem como as de Assis,
Rochester, Worcester, Westminster na Inglaterra; Magdeburgo, Frankfurt e
Colônia na Alemanha.
Muitas dessas Catedrais foram construídas no
mesmo lugar de outras que, por serem cobertas de madeira, muitas vezes
sofreram incêndio. A maioria dessas catedrais é gigantesca porque as
multidões as lotavam; o povo todo era católico e fervoroso. E também
havia o desejo do povo de dar a Deus uma morada digna e bela. As cidades
competiam entre si. Esta fecundidade artística e espiritual tem causas
profundas e não é fruto de mero entusiasmo passageiro ou fruto da
improvisação. Foram cerca de 300 anos de cultura. As obras não são
cópias umas das outras; os grandes artistas estavam presentes.
A
Igreja foi a grande inspiradora de todo esse trabalho, o guia que
mostrou aos artistas o seu fim. O mundo ocidental nunca será
suficientemente grato a ela, pois, buscando louvar a Deus fez os homens
reconhecerem “o valor único da arte”, como disse Jacques Maritain.
Os
grandes artífices desses gigantescos empreendimentos foram ainda os
monges da Igreja. Até o séc. XII a arte foi monástica. As igrejas das
abadias precederam as catedrais dos bispos, e abriu-lhes os caminhos.
A
Igreja da abadia de Cluny tinha 30 metros de altura e sua nave tinha
mais de cem metros, rodeada por sete campanários. Cluny estava na
vanguarda da escultura e da arquitetura ocidental; era a arte para o
serviço e para a glória de Deus. Eles desenvolveram as técnicas das
grandes abóbadas. E também o desenvolvimento dos vitrais se deve a eles.
Infelizmente o vandalismo do séc. XIX destruiu a gigantesca igreja de
Cluny. Seria impossível escrever os nomes de todos esses monges artistas
geniais.
Esta arte monástica durou tanto quanto a Idade Média e a
ultrapassou. Tudo era harmonioso nas abadias; ainda hoje os seus
claustros são admirados.
Os bispos não estavam só nas construções
das catedrais, estava com eles o povo cristão que os amava e admirava.
Este povo tinha orgulho de sua catedral, de sua enorme nave, de sua alta
cúpula e de seus campanários. Algo que poucos sabem é que a famosa
Torre de Piza era o campanário da Catedral da cidade; ambas revestidas
de mármore branco, ao lado da enorme igreja dos batismos.
O que é
que movia esse povo a construir tantas maravilhas pelo mundo? A resposta
é: a fé. Era a mesma fé que levou a Cruzada para libertar o Santo
Sepulcro na Terra Santa.
As mãos que as construíram eram hábeis,
inteligentes, lúcidas, dominavam um ofício e a uma técnica. Esses
arquitetos chamados de “mestres-de-obras” possuíam vasta cultura, sabiam
o latim, adquiriam novos conhecimentos em suas viagens. O epitáfio de
um deles, Pedro de Montreau, qualifica-o de “doutor dos canteiros”,
(“doctor latomorum”). Muitos desses arquitetos eram escultores.
Até
hoje o homem moderno não sabe o segredo de fabricação que fazem os
vitrais românicos de um brilho admirável, mesmo com as técnicas de
pintura no vidro de hoje. Há vigas de madeira na Catedral de Notre-Dame,
do séc. XIII, que até hoje não foram atacadas por insetos. Não se sabe
que processo de conservação da madeira eles usavam. Muitas técnicas eram
guardadas em segredo.
Esses “mestre-de-obras” não freqüentavam
escolas de belas-artes, mas havia famílias que se dedicavam a isto. A
verdadeira formação se fazia junto a um mestre; a escola era nos
canteiros de obras. Começava no corte e polimento das pedras e se
completava nas viagens pela Europa.
Esses artistas eram homens de
ofício e de fé. Eles não eram como muitos artistas modernos que fazem a
arte sacra proclamando que não têm fé. Como pode esta arte ter vida e
transmitir alguma beleza?
Entre os documentos que existem sobre as
construções das catedrais não há nenhum que mostre conflito de
interesses financeiros. Se a construção era de uma Ordem religiosa, o
artista era alimentado com os monges e recebia um pagamento anual.
Trabalhar para Deus já era um mérito que não podia ser avaliado em
dinheiro.
Esses “mestres-de-obra” criaram as formas mais
apaixonantes de toda a história da arte, e ainda hoje podemos rezar nas
mesmas catedrais que rezaram S. Luiz de França, S. Bernardo, S.
Francisco, S. Domingos e tantos mais.
A invenção do arco ogival
foi o que tornou possível a bela catedral gótica, um meio técnico para
substituir a abóbada românica. Esta técnica aliviou o peso sobre as
paredes e localizava as pressões em apenas quatro pontos em que os dois
arcos (nervuras) se apóiam sobre os pilares. Pesando menos a abóbada
gótica podia elevar-se mais e atingir a altura que desejasse; e nas
paredes mais amplas será possível colocar mais janelas e vitrais. A
catedral gótica tem uma leveza impressionante, mas seus pilares chegam a
15 metros abaixo do solo.
Jacques Maritain comparou a catedral
gótica à Suma Teológica de São Tomás: uma solução elegante de geometria e
física sendo que nada há nela de falso. Os campanários góticos atingiam
alturas incríveis: 82 m em Reims, 123 em Chartres, 142 em Estrasburgo e
160m em Ulm. As mais importantes são a de Niyon (1151-1220), Lion
(1160-1207), a Notre Dame de Paris (1163-1260), a de Chartres
(1194-1260), Reims (1214-1300), Amiens (1120-1270) que atinge o ponto
mais alto; a abóbada está a 42 m do chão. A luz entra jorrando. A
catedral era a “casa do povo”, onde ele gostava de se reunir em grandes
massas, para as grandes celebrações. Nelas os reis eram coroados pelos
papas ou bispos, e sem isto não tinham o reconhecimento do povo.
As Artes – Escultura – Pintura – Música
Juntamente
com a arquitetura floresceu a escultura, na verdade filha dessa, e que
vai ornamentar as grandes igrejas e catedrais. É uma arte bela e repleta
de mística, de meditação e de fé profunda. Todas as catedrais estão
repletas dessas obras maravilhosas, especialmente em Reims, Notre Dame,
Chartres, Amiens, Vézelay, Moissac, Beaulieu. Esta escultura, assim como
a filosofia cristã colocava o homem no centro do conhecimento, e partia
dele para chegar a Deus. A escultura gótica é a única na Europa que
pode competir com a grega da grande época; e “nunca mais voltará a este
nível. A Cristandade do século XIII deu ao Ocidente inúmeros Fídias”,
disse Daniel Rops (pg. 418).
Toda esta plástica não era meramente
decorativa, mas religiosa. Um Sínodo em Arras (1025) tinha aconselhado
que nas paredes dos santuários se representassem cenas e ensinamentos da
Bíblia, porque “isso permitirá aos iletrados conhecerem aquilo que os
livros não podem lhes ensinar”. S. Gregório VI, no séc. VI, já havia
dito a mesma coisa. Victor Hugo comparou a catedral a “um grande livro
de pedra”. É impressionante constatar que aquele povo simples daquela
época compreendesse essa linguagem repleta de símbolos e episódios que o
homem moderno desconhece.
As paredes formam como que um catecismo
onde estão retratados os dogmas da fé, a moral, os mandamentos e a
espiritualidade. São milhares de figuras que ligavam o homem à grande
obra, onde Deus era glorificado.
O artesão românico ou gótico não
precisava, como os de hoje, procurar um programa ou uma ideologia para
se apoiar, e sem a necessidade de serem originais, esses artistas usavam
seus dons e talentos com liberdade. Eles produziram uma iconografia
grandiosa e diversificada.
As cores tinham um papel fundamental
nesta bela arte. As catedrais eram todas brilho e resplendor por dentro e
por fora. Os pavimentos com ladrilhos de cerâmica vermelha e
revestimentos amarelos continham rosáceos, animais, personagens e
desenhos. As paredes, e as abóbadas eram uma festa para a cor dos
pintores românicos.
O grande meio gótico para utilizar a cor foi
através do vitral uma vez que as áreas disponíveis para pinturas eram
maiores. Eles dão uma vibração sensível à catedral e tocam as pessoas em
oração. Apreciando um pôr-do-sol através dos vitrais da catedral de
Chartres podemos notar como a técnica estava a serviço da fé.
A
música completava o belo quadro de beleza e harmonia da catedral;
especialmente o “canto gregoriano”, estabelecido no séc. VII por S.
Gregório Magno, se desenvolvia e se aperfeiçoava. Em Saint-Gall, por
volta do ano 900, o músico Notker o Gago, tinha-lhe acrescentado a
“seqüência”, um conto escrito do Aleluia. O grande Mozart disse certa
vez que “daria toda a minha obra para ter escrito o “Prefácio” da missa
gregoriana”. Foi a maior homenagem que o canto gregoriano, o
“cantochão”, recebeu. (DR., pg. 429)
Entre os grandes artistas da
época vale a pena destacar aqui Giotto (1266-1337). Este gênio da
pintura ligou a alma de S. Francisco de Assis com a técnica
romano-bizantina. Deixou belas pinturas na Basílica de S. Francisco em
Assis. Ele nasceu em Florença, na Itália; e ocupou um lugar na história
da arte ocidental. Ele abriu um caminho novo para a arte; nenhum dos
seus contemporâneos o igualou na pintura. Logo que seus dons começaram a
brilhar ele foi levado para Roma, Sicília, Pádua, Rimini, Nápoles,
Ravena e toda a Itália e fora dela. Seu gênio tinha a fecundidade dos
espíritos superiores. Era uma alma profundamente voltada para Deus; era
um filho espiritual de S. Francisco.
Algumas de suas obras são: o
Crucifixo de Pádua e de Santa Maria em Florença, a Madona dos Ofícios, a
Virgem de Berlim, a vida de Cristo e da Virgem Maria da capela de Arena
em Pádua.
Em Assis, o “Milagre da fonte e a Presença dos
Pássaros”, corresponde ao espírito de S. Francisco. No Cristo da
“Ressurreição de Lázaro (Arena) e no “Beijo de Judas” pode-se ver a sua
genialidade.
Giotto foi um gênio cristão. Foram seus filhos
distantes o Fra Angélico, os Signorelli, Michel Ângelo e muitos outros.
Depois de conhecer apenas um pouquinho da grandeza da arte cristã
espelhada na arquitetura das catedrais, na escultura e nos vitrais, na
música e na pintura, não é possível ficar calado diante daqueles que por
ignorância ou por maldade querem negar o esplendor da Idade Média
cristã.
Sem tudo isso que relatamos resumidamente, isto é, sem o
sal, o fermento, e a luz da fé cristã, a força da Igreja, a presença dos
seus grandes monges, artistas, pintores, escultores, músicos e
arquitetos, o que restaria? Um grande vazio! Simplesmente não existiria a
Europa que hoje conhecemos e a civilização ocidental que desfrutamos.
Tudo foi obra da Igreja Católica.
Diante disso dói profundamente
na alma assistir a cena deplorável, anti-história e maldosa, quando a
Constituição da União Européia se nega a reconhecer o Cristianismo em
seus estatutos como a força motriz de sua existência. É um acontecimento
semelhante àquele do filho que renega a existência do próprio pai.
Mas
a Igreja continua o seu caminho e a sua missão de salvar todos os
homens e mulheres de todos os tempos e de todos os lugares. Ela não
espera aplausos e condecorações, porque sabe que a sua história foi
escrita com sangue.
Escrito por Dom Luiz Gonzaga Bergonzini.
fonte: http://portalconservador.com/o-cristianismo-e-a-igreja-catolica-salvaram-a-civilizacao-ocidental/
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